Neste balançar inquieto que tudo leva e tudo traz, tento livrar-me deste alvoroço que mantenho por demasiado tempo.
Neste querer e não querer ir ou ficar, sei que algumas partes irão sempre permanecer aqui e nos corações de quem conheci.
Sem querer chegar a algum lugar, mantenho-me na margem, tentando não desequilibrar-me na onda forte que tudo muda e tudo resolve.
Acredito que no mar tudo encontro. A mente reflete melhor, acalma o coração e as decisões vêm com mais certeza, de que estamos a fazer o certo, para o nosso próprio bem.
Deixo que o mar leve o que me revolta e me consome e que me traga o conforto de saber que estou na direção certa, que o meu coração está certo. Deixo que me traga as respostas que tanto pedi e outras tantas que preciso de ouvir.
Clareio os meus pensamentos, reencontro a minha voz, voltando com a minha verdadeira essência.
Neste querer ou não querer partir, descobri que o grande passo já foi dado quando pensamos na possibilidade de não ficar, então a onda só nos impulsiona com um pouco de mais força, para o que sempre soubemos ser verdade.
Neste ser ou não ser verdadeiro, cordial, humano, existem atos que vamos querer deixar de parte, pois no teatro existem ensaios, na vida real não. A vida é um constante palco de erros, onde não existe ensaios, onde nada se muda, onde tudo permanece no tempo. E nessas janelas do tempo, em que as minhas melhores memórias são sozinha, liberto-me aqui de tudo o que me impede de seguir e de lutar por mim, pois no final do dia só posso contar comigo mesma e com a minha verdade.
Hoje, vim ao mar. Lavei a alma e renovei energias. Vim com perguntas, saí com respostas. Vim de mau humor. Saí feliz. Existem dias felizes, em que realmente vale a pena levantar da cama. Hoje, foi um desses dias.
Renovação. Luz. Procuramos tudo isto e só encontramos num único singelo lugar. No mar.
1 Comentário
Senti-me a ondular neste texto que me levou para perto de um lugar que me transmite imensa paz [mesmo quando está tão revolto como o meu peito].
Maravilhoso, minha querida!