Diz-se que o amor é uma saudade intemporal, que nos transforma, nos alenta e reconforta. Diz-se que é furacão, um fogo que sem cuidados se apaga, que só o grande e verdadeiro arde sem parar.
O amor nunca termina, ainda que ambos tenham seguido caminhos opostos. A saudade perdura, pois é o próprio tempo e comanda muitas das nossas memórias. A saudade é presente, sem se desfazer. A falta sempre fica, ainda que a ferida se tenha fechado, pois o que de bonito houve, será sempre bonito aos nossos olhos.
A saudade é feita de coisas boas. A saudade só se sente de coisas/pessoas que nos fizeram muito felizes. A saudade é um sentimento positivo, que tantas vezes é reprimido. É imperativo ter nostalgia, a falta de algo que se viveu. Somos feitos de memórias e essas carregam a bagagem da saudade consigo. Tudo o que é feito hoje, amanhã virará saudade.
Diz-se “saudade do que foi e já não volta” só que é mentira. A saudade volta, senta-se em todos os espaços disponíveis do nosso coração e da nossa mente e se fixa, pois ali pertence, ali vive eternamente. Não há como dilacerar tamanho sentimento, que depende de cada ato cometido. Somos confortados com ela, desde o nosso primeiro sopro até ao último. Não haverá um dia, em que essa não se faça presente.
Os amores que já foram, jamais se tornaram esquecidos. A sua falta sente-se, ainda que com um gosto diferente, pois tudo se resolveu e o nosso coração já se autorregenerou. Essa ausência imperativa se torna rotina, se torna banal e ao mesmo tempo, especial. Tudo foi feito com um propósito e tudo foi sentido quando deveria ter sido sentido. Foi vivido, sofrido, curado e marcado. Foi ultrapassado e afixado nas memórias e na saudade. Sempre nosso. Deixou de ser um desamparo, para ser um alicerce de aprendizagem. Constata na nossa história e perdurará no tempo.
Se é assim feita a saudade. De tudo o que se viveu e agora se relembra; dos nossos atos contínuos; de todos os dias; de todos os sentimentos. A realidade se funde com o que já foi e sem demoras, revivemos todas as sensações e emoções. A saudade é a junção de tudo o que se viveu e sentiu, positivamente. A saudade não nos mata, mas sim nos reconforta com todas as imagens e sensações que nos fazem (fizeram) felizes. A saudade abraça-nos num abraço infinito e assim viverá até ao último piscar de olhos. A saudade é amor. Um amor infinito, inquebrável e inalterável.
2 Comentários
As saudades também permitem contar a nossa história. Sei que, por vezes, nos pesam, porque não queríamos que determinados elos quebrassem, mas a verdade é que mostram o que nos aconteceu de melhor
Nem mais, minha querida.