Serás eterna em mim.

Tantas vezes por aqui passei e pela tua mão me guiei. A altura, a voz e a maturidade já não é a mesma e tantas vezes tento reencontrar-me neste sítio por onde caminhamos em diversas ocasiões. Questiono-me a durabilidade destas minhas memórias de infância, há muito guardadas numa das gavetas que deixamos fechadas, por medo de recordar o conteúdo.

Caminho por várias ruas em que nos revejo juntas, de mãos dadas, sempre num passo apressado, onde a tua voz ecoava doce e solene, sobre o que tínhamos combinado a seguir. Foram tantos os passeios dados, os aprendizados que me deste e em duas décadas, parece que a minha infância foi há séculos. O tempo envelhece-nos, tão depressa que nem damos por ele a marcar-nos a pele, dia após dia. Vou crescendo, nem sempre tendo em conta, de que vais envelhecendo também e que podes já não te lembrar nitidamente dos passeios que partilhávamos, dos sorrisos, das lições, da vida que se passou sem nem dizer um “olá”.

Recordo-te em cada um destes sítios. Relembro cada passo que demos, cada frase que dissemos, cada partida e chegada. Num infinito mar de possibilidades, encontrávamos-nos sempre em passo acelerado, resolvendo tudo e ao mesmo tempo nada. De tudo, apenas me orgulho de tantos momentos passados ao teu lado.

Para sempre irei encarar estas ruas e lembrar de uma mulher de 1,90m, com uma miúda pela mão, sorrindo. A discrepância de alturas era gritante e agora o tempo apanhou-nos e é ele quem nos grita. Tanto foi e tão pouco ficou, mas de ti sempre irei lembrar e de todos os momentos em que passamos juntas. Até ao último minuto e mesmo depois.

Para sempre, estarás em mim. Sempre me disseste que enquanto permanecermos nos corações das pessoas que amamos, viveremos eternamente. Serás eterna em mim. Agradecer-te não poderia ser de outra forma, a não ser lembrar-te (para) sempre.